segunda-feira, 10 de maio de 2010
Cada vez mais, a suspeita de que a multinacional Alstom teria pago propina a tucanos paulistas para garantir contratos públicos bilionários, como os do Metrô de São Paulo, vai sendo comprovada. O Ministério Público da Suíça acusou formalmente um suspeito de ter mediado pagamento de propinas da empresa francesa Alstom no Brasil e licitações em outros países.
O suspeito é o banqueiro suíço Oskar Holenweger, que foi acusado por lavagem de dinheiro e administração de recursos provenientes de corrupção de um “grupo industrial francês”. O Ministério Público confirmou que as investigações mostraram relações com o Brasil.
Os suíços já bloquearam contas no nome de 19 brasileiros por também serem suspeitos de envolvimento com recebimento e pagamento de propinas da Alstom. Entre eles estão Jorge Fagali Neto, ex-secretário de Transportes de Luiz Antonio Fleury Filho, em 1994, e irmão do presidente do Metrô, e Robson Marinho, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), apontados como os maiores beneficiários do esquema.
O Ministério da Justiça prometeu encaminhar à Suíça e à França pedidos de quebra do sigilo bancário das 19 pessoas e de empresas suspeitas de receber propina da Alstom para que ela fosse declarada vencedora de concorrências do governo de São Paulo.
A suspeita é de que a multinacional utilizou cerca de R$ 800 milhões para pagar propinas a funcionários públicos do Brasil e outros países responsáveis pelas contratações. Destes, R$ 15 milhões teriam sido desviados pelo banqueiro. A Alstom nega qualquer envolvimento em atos ilegais e diz estar colaborando com todas as investigações.
* com informações do Jornal da Tarde - 7/5/2010
Suíço usou caixa 2 para pagar propina a brasileiro
O banqueiro suíço Oskar Holenweger teria se utilizado de notas falsas, contratos fictícios com supostos consultores e empresas de fachada em paraísos fiscais para desviar recursos da Alstom para o pagamento de propinas a “um agente público brasileiro”. As informações chegaram ontem ao Tribunal Penal da Suíça, que deve julgar o caso em novembro.
Ele foi acusado de mais de 150 atos de corrupção e gestão de um caixa 2 para alimentar esquema no Brasil, que teria como meta garantir à Alstom contratos em obras públicas. “As investigações revelaram que o acusado gerenciava um caixa dois para um grupo industrial francês. Ele servia para efetuar o pagamento para adquirir contratos. Esse foi um procedimento que começou no início dos anos 90 e que continuou até 2001”, disse o procurador suíço Lienhard Ochsner.
Oschner confirmou ainda que existem investigações em andamento relacionadas a “outros colaboradores do grupo industrial”. Na Suíça, 19 brasileiros já tem suas contas bloqueadas em relação ao caso. Entre os citados no pedido estão o conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE), Robson Marinho, e o engenheiro Jorge Fagali Neto, irmão do presidente do Metrô de São Paulo. Ambos negam irregularidades.
No ano passado, o Ministério Público da Suíça congelou em Genebra US$ 7,5 milhões em nome de Jorge Fagali Neto, que foi secretário de Transportes do governo estadual de Luiz Antonio Fleury Filho, em 1994.
Segundo o procurador, o primeiro passo do esquema era feito pela Alstom e uma sociedade off-shore administrada pelo banqueiro suíço, fechando um contrato de consultoria. Sob instruções do responsável da Alstom, a off-shore criava faturas fictícias e repassava à gigante francesa. As faturas se referiam a serviços que jamais eram prestados. Mesmo assim, o suposto serviço era pago pela Alstom à offshore e contabilizada como gastos do grupo francês.
O esquema
Alstom e sociedade offshore do banqueiro suíço fechavam um acordo de consultoria na qual criava faturas fictícias para serviços que jamais eram prestados
O suposto serviço era pago pela Alstom à offshore e contabilizada como gastos do grupo francês
Nas contas da offshore, um dos beneficiados seria um intermediário ou o próprio banqueiro. Não havia infraestrutura, escritório e nem funcionários na offshore
Sob instruções da Alstom, o banqueiro transferia os fundos a terceiros, entre eles um agente público brasileiro, e ficava com uma parcela da propina
fonte: Jornal da Tarde – 8/5/2010
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