sexta-feira, 21 de agosto de 2009
O plano vem se desenrolando conforme o combinado. Falta saber apenas quem combina, quem transmite as ordens, quem é responsável por desencadeá-lodentro das organizações jornalísticas.Quem pegou pesado primeiro, para se preservar, foi a Folha de S. Paulo, com a ficha falsa da Dilma. O jornal tinha todos os elementos para derrubar amatéria por qualquer critério jornalístico, inclusive se obedecesse aopróprio manual de redação. Mas optou por criar uma segunda versão do"testando hipóteses".Quando digo "se preservar" é pelo fato de que a Folha controla um dosinstitutos de pesquisa, o Datafolha. Não pode cair na orgia midiática que OGlobo faz com a verdade factual."Testando hipóteses" é uma das contribuições geniais do Ali Kamel -- não oator pornô, o diretor de Jornalismo da Globo -- para nossos focas. É ateoria segundo a qual um jornalista pode chutar a versão que lhe der natelha durante uma cobertura, até acertar. Mais recentemente, Kamel inventou o "mais ou menos crente em Deus", que atribuiu ao presidente Lula. É comodizer que uma mulher está meio grávida.É impossível confirmar ou desmentir a ficha, afirmou candidamente o jornaldos Frias. Nada me tira da cabeça que foi um "teste de hipóteses" real,usando os leitores como cobaias. Depois de publicar a informação sobre"Dilma terrorista", os marqueteiros de Serra devem ter saído às ruas parafazer pesquisas qualitativas sobre o poder que a denúncia teve deinfluenciar eleitores. Isso é comum nos Estados Unidos. Aqui, não sei. Testo hipóteses. Pode serque sim, pode ser que não. Mas acho que faz sentido. Porque me parece que aestratégia de demonização persiste. Demonizar diretamente. E por associação. Demonizaram o Sarney, quando finalmente a mídia brasileira descobriu que Sarney... é Sarney. Demonizaram o Sarney mirando a Dilma. Diogo Mainardi entregou o ouro na edição mais recente da revista Veja, ao tentar ligar Dilma à gente que, supostamente, teria recebido dinheiro detraficantes de cocaína de Medellín:" A Igreja Universal, nos últimos dias, atrelou sua imagem à de Lula. É amesma estratégia empregada por José Sarney. Um apóia o outro. Um defende ooutro. Edir Macedo está com Lula e com Dilma Rousseff. Agora e em 2010. Se aIgreja Universal tem um Diploma de Dizimista, assinado pelo Senhor JesusCristo, Dilma Rousseff tem um Diploma de Mestrado da Unicamp, supostamenteassinado pelo senhor Espírito Santo. O senhor Edir Macedo e o senhor Lula seentendem. Eles sabem capitalizar a fé". A isso se chama, em marketing político, de definir a matriz de pensamento.Quem acha que isso não dá resultado está errado. Os marqueteiros não atirammais na grande massa eleitora. Eles hoje fazem planejamento voltado para osnichos do mercado, como quem corta salame. Podem perceber, sempre usando pesquisas, que o voto da classe média urbana em José Serra não está firme.Que precisam aumentar a rejeição aos adversários do Serra. Assim sendo, desenvolvem a estratégia e as ferramentas específicas para aquele tipo de eleitorado.É esse o exercício que está em andamento agora, no exato momento em que vocêlê esse texto, em minha modestíssima opinião. Aumentar a rejeição à Dilma.Da mesma forma que fizeram com Marta Suplicy em São Paulo. Mulher, sim, mas destemperada. Mulher, sim, mas descontrolada. Mulher, sim, mas não dá para confiar nela. Os marqueteiros planejam. A mídia executa. Estou certo de que é um plano milimetricamente traçado e de longo prazo.E Serra, como vocês sabem, não tem qualquer escrúpulo. É só ver o que elefez para eliminar Roseana Sarney da competição em 2002: usou promotores, a Polícia Federal e a mídia. Instrumentos aos quais ele continua tendo acesso,se não no plano federal, em nível estadual. Isso e mais a mídia.PS: Se eu fosse o marqueteiro da Dilma, faria que nem o marqueteiro doReagan, Michael Deaver, fez com o ator de cinema: só colocaria a Dilma emcenários bonitos, com crianças, sorridente. Deaver dizia: esqueçam aspalavras, olhem as imagens. A vantagem do marqueteiro de Dilma é que ela tem cérebro. E fazer Serra parecer simpático vai ser uma luta. PS2: Não olhem para a Folha. Olhem para o jornal gratuito, distribuído aosmilhares nas ruas de São Paulo, que roda o dia todo dentro de ônibus etáxis. Jornal simples. Textos curtos. Hoje a manchete era a espetacularvantagem de Serra sobre Dilma em São Paulo. Mais de 30 pontos!, ele gritava em uma das manchetes.
Luiz Carlos Azenha
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